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Enf. Miguel Casimiro

Consulta Externa 

 

 

Enf. Miguel Casimiro

Prevenção da infeção na ferida cirúrgica

HPA Magazine 21 // 2024

Atualmente, o crescimento do número de cirurgias é notório em quase todas as especialidades. Não só pelo aumento da esperança média de vida, onde as comorbilidades a serem tratadas se podem manifestar em maior número, como também pelo avanço do conhecimento científico, que torna possível tratar mais patologias com uma maior taxa de sucesso. Com o desenvolvimento dos cuidados de saúde, é possível que o paciente possa ter uma recuperação mais rápida, diminuindo o seu período de hospitalização e comorbilidades associadas, promover mais rapidamente a sua autonomia e o regresso ao domicílio para junto da família. Para tal, torna-se fundamental a existência da prestação de cuidados de Enfermagem, que visam a promoção da autonomia do paciente. Nesta perspetiva, o Regulamento do Exercício Profissional do Enfermeiro, aprovado pelo Decreto-Lei nº161/96 de 04 de setembro, enfatiza, na alínea número um, do quarto artigo do capítulo dois, que a Enfermagem, enquanto profissão, tem como objetivo ajudar o ser humano a alcançar a sua máxima funcionalidade o mais precocemente possível. 

 



 

O paciente cirúrgico tem vários riscos acrescidos à saúde inerentes ao ambiente hospitalar. Entre eles, o risco de infeção. Apesar de todas as medidas profiláticas, uma cirurgia implica sempre riscos, nomeadamente infeciosos. Neste sentido, torna-se crucial por parte do enfermeiro a higienização das mãos, a utilização de equipamento de proteção individual, garantir a correta higienização das superfícies bem como dos equipamentos utilizados, realizar o tratamento à ferida cirúrgica sob técnica assética, e ser detentor de conhecimento para a identificação de sinais de alerta. Assim, é possível minimizar o risco de infeção e diminuir possíveis complicações no paciente.
Na consulta externa do Grupo HPA, na unidade de Gambelas, o tratamento à ferida cirúrgica é uma intervenção realizada pelos enfermeiros. Estes profissionais são detentores de conhecimento científico na manutenção e recuperação da integridade cutânea do paciente (alínea c), do ponto número quatro do nono artigo do capítulo quatro do Decreto-Lei nº 161/96 de 04 de setembro. Desta forma, os princípios de assepsia e de destreza manual, bem como a identificação de sinais inflamatórios na ferida cirúrgica tornam-se cruciais para antecipar repercussões no paciente.
Existem cinco sinais inflamatórios: edema (inchaço), rubor (vermelhidão), calor, dor e perda de função. Quando é possível observar um destes sinais numa ferida cirúrgica, pode significar que algo não está bem. No entanto, a presença de um destes sinais, por si só, não significa inequivocamente que o paciente esteja a preceder ou já tenha uma infeção. Por exemplo, o edema é comum após uma cirurgia. Desta forma, a observação e a perícia clínica são importantes na distinção destes fatores. 

 

As intervenções de enfermagem, como enfatizado anteriormente, são fundamentais no cuidado ao ser humano. Não obstante, o trabalho em equipa multidisciplinar é, de igual forma, imprescindível no cuidado integral ao mesmo. Neste sentido, a articulação das intervenções de Enfermagem com outros profissionais de saúde tornam-se essenciais para atender às necessidades do paciente. Particularmente, o trabalho com a equipa médica é de extrema importância no que se refere à comunicação de alterações na ferida cirúrgica. Assim, é possível proceder-se a um cuidado conjunto e evitar complicações no paciente. Sabe-se que, de acordo com a Ordem dos Enfermeiros (2001), faz parte do papel do enfermeiro referenciar situações identificadas, consideradas potencialmente gravosas para o paciente, a outros profissionais da equipa multidisciplinar. Sendo o HPA uma unidade de saúde privada de referência no Algarve, a procura pela excelência dos cuidados é uma preocupação diária dos profissionais de enfermagem com vista à satisfação do paciente. Neste sentido, a Ordem dos Enfermeiros (2001) enfatiza o dever deste papel nos enfermeiros quando declara que deve existir uma procura constante pela excelência do exercício da profissão.